Olá, pessoal, mais um artigo sobre a Arte do Shogi!
Obrigado por continuarem acompanhando a minha coluna aqui no Site Anime Xis.
Hoje vou começar apresentando o tabuleiro e explicando como se define quem começa o jogo.
Mas antes, é importante que vocês aprendam uma das partes que mais gosto no Shogi e que, infelizmente, falta em muitas áreas da nossa sociedade: etiqueta.
Os japoneses levam muito a sério a questão do respeito. Cerimônia do chá, arte do manejo do arco e flecha, caligrafia, código de honra dos samurais são exemplos de como várias áreas possuem normas de conduta. E o Shogi não é exceção.
Além da ordem da colocação de peças, existe uma regra para definir quem começa o jogo.
Ela funciona da seguinte forma:
- o jogador mais velho, depois de colocar as peças no tabuleiro, remove cinco Peões;
- ele os agita em sua mão e joga no tabuleiro ou em um espaço livre na mesa (como se fossem búzios);
- se três ou mais peças caírem com suas faces (ideograma na cor preta) viradas para cima, o responsável pelo sorteio começa. Se elas caírem com as faces viradas para baixo (expondo um ideograma de cor vervelha), é o oponente que começa;
- caso ocorra um empate em qualquer combinação (duas para cima, duas para baixo e uma caia de lado, por exemplo), o sorteio é feito novamente e quantas vezes forem necessárias até termos um vencedor;
Este método de sorteio é conhecido como “fugoyama”. Pronuncia-se como paroxítona: fu-goy-A-ma.
O jogador que começa é chamado de Sentê (pronuncia-se exatamente como se lê), que significa “desafiante”. O oponente do Sentê é o Gotê (pronuncia-se exatamente como se lê também), que é o desafiado.
Uma curiosidade: enquanto a cor branca representa quem começa no Xadrez, o Sentê é simbolizado pela cor preta ao passo que o Gotê é a cor branca.
Ainda na questão da etiqueta: antes de uma partida, os dois jogadores se curvam e se saúdam com a seguinte frase:
— Yoroshiku onegai shimasu.
Se estiver jogando contra alguém que fale português, pode trocar por:
— Que tenhamos um bom jogo.
Nota: “yoroshiku” é uma oxítona e “onegaishimasu” é paroxítona.
No Shogi, tal qual no Xadrez, você pode vencer por xeque-mate ou abandono da partida, onde o oponente reconhece a sua derrota.
A saudação caso queira abandonar uma partida é dita com uma curvatura:
— Makemashita.
Pronuncia-se como uma oxítona. Em português, quer dizer:
— Eu perdi.
Caso conduza a partida até o final e sofra o xeque-mate, agradeça também se curvando com:
—Arigatou gozaimashita.
Essa deve ser fácil para quem vê animes em áudio original: ambas são oxítonas e são uma forma de agradecimento que pode ser trocada por um “obrigado”.
Por último, duas dicas importantes:
- evite dar palpites nos jogos dos outros. Os jogadores chamam isso de “dyogen” e consideram falta de respeito (pronuncia: dio-JEN);
- evite pedir para voltar lances. Isso também é considerado falta de respeito e chamam isso de “matta” (como a palavra “mata”).
Indicando Shogi
No artigo deste mês, vou indicar a vocês o meu livro de cabeceira, “Como Jogar Shogui”, escrito pela Associação Brasileira de Shogi em 2003.
Ele pode ser baixado gratuitamente em PDF clicando aqui.
Muito obrigado a todos(as) e até a próxima!
Davi Paiva nasceu em São Paulo, capital, em 1987. É graduado em Letras pela Universidade Cruzeiro do Sul. Participou de várias antologias de contos por diversas editoras, inclusive nas obras “Poderes”,“Monstros entre Nós”, “Guerreiros” e “Magos” pela Darda Editora, onde foi coautor e organizador, e é autor do livro “Cavaleiro Negro”, que também saiu pela mesma editora.
Publica seus textos no blog detonerds.blogspot.com.br e no site Animexis.com.br
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