A Arte do Shogi #01: Etiqueta e os Conceitos de Gotê e Sentê

Olá, pessoal, mais um artigo sobre a Arte do Shogi!

Obrigado por continuarem acompanhando a minha coluna aqui no Site Anime Xis.

Hoje vou começar apresentando o tabuleiro e explicando como se define quem começa o jogo.

Mas antes, é importante que vocês aprendam uma das partes que mais gosto no Shogi e que, infelizmente, falta em muitas áreas da nossa sociedade: etiqueta.

Ordem de colocação das peças de acordo com o livro “Como Jogar Shogui”. Não é sempre que isso é exigido, mas não custa nada saber que existe.

Os japoneses levam muito a sério a questão do respeito. Cerimônia do chá, arte do manejo do arco e flecha, caligrafia, código de honra dos samurais são exemplos de como várias áreas possuem normas de conduta. E o Shogi não é exceção.

 

Além da ordem da colocação de peças, existe uma regra para definir quem começa o jogo.

Ela funciona da seguinte forma:

  • o jogador mais velho, depois de colocar as peças no tabuleiro, remove cinco Peões;
  • ele os agita em sua mão e joga no tabuleiro ou em um espaço livre na mesa (como se fossem búzios);
  • se três ou mais peças caírem com suas faces (ideograma na cor preta) viradas para cima, o responsável pelo sorteio começa. Se elas caírem com as faces viradas para baixo (expondo um ideograma de cor vervelha), é o oponente que começa;
  • caso ocorra um empate em qualquer combinação (duas para cima, duas para baixo e uma caia de lado, por exemplo), o sorteio é feito novamente e quantas vezes forem necessárias até termos um vencedor;

Este método de sorteio é conhecido como “fugoyama”. Pronuncia-se como paroxítona: fu-goy-A-ma.

O jogador que começa é chamado de Sentê (pronuncia-se exatamente como se lê), que significa “desafiante”. O oponente do Sentê é o Gotê (pronuncia-se exatamente como se lê também), que é o desafiado.

Três sorteios: em um, eu que sou jogador das peças, viro Sentê. No segundo, sou Gotê. E no terceiro, temos um empate.

Uma curiosidade: enquanto a cor branca representa quem começa no Xadrez, o Sentê é simbolizado pela cor preta ao passo que o Gotê é a cor branca.

Ainda na questão da etiqueta: antes de uma partida, os dois jogadores se curvam e se saúdam com a seguinte frase:

— Yoroshiku onegai shimasu.

Se estiver jogando contra alguém que fale português, pode trocar por:

— Que tenhamos um bom jogo.

Nota: “yoroshiku” é uma oxítona e “onegaishimasu” é paroxítona.

No Shogi, tal qual no Xadrez, você pode vencer por xeque-mate ou abandono da partida, onde o oponente reconhece a sua derrota.

A saudação caso queira abandonar uma partida é dita com uma curvatura:

— Makemashita.

Pronuncia-se como uma oxítona. Em português, quer dizer:

— Eu perdi.

Caso conduza a partida até o final e sofra o xeque-mate, agradeça também se curvando com:

—Arigatou gozaimashita.

Essa deve ser fácil para quem vê animes em áudio original: ambas são oxítonas e são uma forma de agradecimento que pode ser trocada por um “obrigado”.

Por último, duas dicas importantes:

  • evite dar palpites nos jogos dos outros. Os jogadores chamam isso de “dyogen” e consideram falta de respeito (pronuncia: dio-JEN);
  • evite pedir para voltar lances. Isso também é considerado falta de respeito e chamam isso de “matta” (como a palavra “mata”).

Indicando Shogi

No artigo deste mês, vou indicar a vocês o meu livro de cabeceira, “Como Jogar Shogui”, escrito pela Associação Brasileira de Shogi em 2003.

Ele pode ser baixado gratuitamente em PDF clicando aqui.

Muito obrigado a todos(as) e até a próxima!

Davi Paiva nasceu em São Paulo, capital, em 1987. É graduado em Letras pela Universidade Cruzeiro do Sul. Participou de várias antologias de contos por diversas editoras, inclusive nas obras “Poderes”,“Monstros entre Nós”, “Guerreiros” e “Magos” pela Darda Editora, onde foi coautor e organizador, e é autor do livro “Cavaleiro Negro”, que também saiu pela mesma editora.

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